domingo, outubro 01, 2006

Palavras fluíndo...

Vais para um sul fugindo ao meu norte...
No curto caminho dum profundo desnorte...
Onde voo sem asas alado caindo...
Como quando chegaste sem nunca ter vindo...

Num dia de sol e sem brilho na lua...
Vieste vestida, para mim bela e nua...
Uma brisa trazida ao sabor do vento...
A paz que trouxeste, nada mais que um tormento...

Um rasgo de ódio sedento de paixão...
Na luz ofuscada desta escuridão...
Mostrei-te no dia perdido na noite...
Com palavras esquecidas, sem elas amei-te...

És como um tesouro na minha miséria...
Não, não és nada, pura matéria...
Um jogo de azar ou um tiro de sorte...
Trouxeste-me a vida...nunca minha morte...

domingo, setembro 10, 2006

Uma estranhamente calma ânsia...

Sensação de leveza meio disfuncional esta...esta estranhamente calma ânsia de te ter comigo a cada momento...um autêntico paradoxo, tal e qual a vida o é... O tempo passa como um vinil incorrectamente colocado, com as rotações invertidas...lentamente, quase parado, engolido por areias movediças...ou então, voando, correndo, mais rápido que a própria luz...não é constante este tempo que por mim passa...e no entanto não o sinto sequer passar...esteja ele como tiver, sereno, ligeiro, passa apenas...
Não, não o sinto...e não o sinto porque tu estás lá...ou melhor, estás cá...estás presente a cada instante, instalada no meu pensamento...cuidadosamente nele inserida, como se de uma lapa te tratasses, completamente agarrada a uma rocha junto ao salgado do mar...mas estás lá apenas e só...sem qualquer pressão...sem reivindicares qualquer ponto excedente, sem qualquer imposição...qualquer necessidade que vá para além de tudo o que por tão natural o ser não ocupa espaço...nem tempo...Custa-me a tua ausência mas é um custar relaxante...porque provém duma paz, duma paz interior difícil de explicar...como se já soubesse que ias aparecer, como se soubesse que já estavas aí...e que por aí vais ficar...aguardando apenas o momento certo, a hora exacta para me contemplares com o teu “eu”...e fazendo explodir em meu redor uma paleta imensa de cores, todas elas misturadas, como um arco-íris num dia de aguaceiros primaveril... E por mais que me esforce, outros ímpetos pairam sobre mim convictamente...escoando sem filtros desde o meu inconsciente, por instinto, por impulso...e tornando-se claros, tão limpidamente claros...o desejo de tocar teus lábios, a vontade de te tomar nos braços...de te sentir profundamente...e contudo mantendo sempre esta estranhamente calma ânsia de te ter por perto...e é essa que me fará aguardar por cada momento, por cada passo, por cada pedaço com a mesma garra e convicção que em mim crescem dia após dia até se entranharem por completo com o aroma do teu perfume...

sexta-feira, setembro 08, 2006

Pena é não te ter encontrado...

Não...hoje não me perdi a olhar o mar...a sua fusão com o céu no horizonte...o bater das ondas, o seu azul infinito...Não me perdi a observá-lo, apesar de apreciar o teu extremo bom gosto...a forma tão graciosa como o fizeste, como tu te perdeste a contemplá-lo...mas eu não, eu hoje preferi perder-me a olhar para ti...Obrigado pela companhia, mesmo que a tenhas feito estando ausente...pena é não te ter encontrado...

segunda-feira, setembro 04, 2006

Moral da historia...

"João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que nao amava ninguém...João foi pra os Estados Unidos...Teresa para o convento...Raimundo morreu de desastre...Maria ficou para tia...Joaquim suicidou-se e Lili casou com Pinto Fernandes, que nao tinha entrado na historia..."

(Carlos Drummond de Andrade)

Moral da historia...

quarta-feira, junho 28, 2006

...por não ter nada para sentir...

Não tenho escrito nada...por nada ter para escrever...
Não tenho vivido nada...por nada ter para viver...
Não tenho sentido nada...por nada ter para sentir...

Vou existindo apenas...fluindo por aí...ao sabor do vento, deixando-me levar...dentro de um nada que é tudo e de um tudo que é nada... caminhando estanque num tempo que avança parado... e deixando para trás marcas de sofrimento não sofrido...

É assim que me sinto...por não ter nada para sentir...

domingo, maio 21, 2006

One...

Cassiel: If you'd known this was going to happen...would you have done it?

Seth: I would rather have had...one breath of her hair...one kiss of her mouth...one touch of her hand...than an eternity without it...One...

In"City of Angels"

quarta-feira, maio 17, 2006

Jura? Não pode...

Houve uma determinada altura da minha vida, em que estando a trabalhar numa empresa com algum renome a nível nacional me vi confrontado com um facto curioso...as dificuldades e a conjuntura que se verificavam na altura nessa mesma empresa originaram que em determinado momento passasse a ser prática comum ouvir-se nos corredores a pergunta denominada da praxe: “Então, ainda trabalhas cá?”...

Adequando essa mesma pergunta aos tempos actuais, chego à conclusão que a pergunta da praxe que hoje faria sentido se associada à conjuntura actual da minha vida seria “ Então, já te separaste?”. É que nunca tinha observado, em qualquer outra altura, situação idêntica. O facto de ter eu próprio passado por uma situação similar por si só originou que a abertura para esse tipo de situações fosse diferente. Mas a sério, são tantos os casos, com tanta gente diferente e de áreas tão distintas que já não me surpreende...sinceramente que não...estranhei, realmente quando fosse a quem fosse que eu contasse, por qualquer motivo, a minha situação fosse confrontado com o facto de que eu não passava de apenas mais um...e quando com o passar do tempo constatei que o número era cada vez maior, que tinha subido abruptamente, fiquei simultaneamente estupefacto e deliciado...perdoem-me, mas fiquei...

Estupefacto, por motivos que já nem sequer me interessam falar...já estão ou serão em tempo útil expostos...Peço desculpa, mas neste momento não estou com paciência para tal...e deliciado porque desde que tirei a carta que não via tanta gente conhecida a fazer exactamente e na mesma altura o mesmo que nós...Moda? Não sei...mas que é curioso, é...no mínimo! E olhem que a ideia de um grupo do género dos alcoólicos anónimos até que não era de todo descabida nesta altura do campeonato...

Apenas factos...Simplesmente brilhante...Nem eu teria feito melhor...

O divórcio é uma experiência horrível para cancerianos. Nenhuma separação é fácil para Câncer, mesmo que o relacionamento esteja tão extinto quanto um dinossauro e ambos saibam disso. Mais uma vez, aprenda a ler os sinais. Retração gradual e desinteresse sexual - duram e não são apenas um humor passageiro - muitas vezes, a maneira de Câncer dizer: "Me tire daqui"! Mas o canceriano raramente é aquele que toma a decisão de abandonar uma relação infeliz. O confronto emocional é muito aterrorizador. Eles preferem tornar-se mais chatos lenta e progressivamente, sem que eles mesmos percebam, até que tome a iniciativa de romper. Mas é preciso muito para que um canceriano chegue a esse ponto: passar por cima de seus sonhos e sentimentos constantemente, ser insensível ou fria, ou, na pior das hipóteses, traí-lo.

Lembre-se que cancerianos nunca têm corações sobressalentes à disposição. Aquela casca dura que eles demonstram está ali para a autoproteção e não por opção. Mesmo um companheiro pela vida toda poderá nunca chegar a ver o caranguejo em posição verdadeiramente vulnerável. E, mesmo depois de alguém ter vivido por décadas com uma pessoa de Câncer, pode ser que ainda não conheça a profundidade de sentimento que ele tem por você. Às vezes nem ele mesmo sabe. Um nativo de Câncer que ama profundamente pode ser moído em pedacinhos se a confiança for maculada. E ele tem uma memória muito, muito longa. Pode ser que ele não a deixe, mas nunca - mesmo - esquecer.

Esse é um signo fácil de amar pela suavidade, sensibilidade, imaginação, sutileza, e coragem delicada. O canceriano possui uma capacidade verdadeiramente mágica de curar seus medos, sua dor, insegurança e solidão. Ele é protetor e delicado e é capaz de fazer você se sentir muito segura e muito, muito amada. E, no entanto, é mais difícil tolerar os humores, os jogos emocionais e o egocentrismo inato da criança sempre presente nesse signo complexo.

O parceiro canceriano também possui a capacidade de enfurecer e confundir, desnortear e irritar, enraivecer e exasperar até mesmo a pessoa mais equilibrada. Se está procurando consistência e uma personalidade permanentemente fácil em um parceiro, procure em outro lugar. Qualquer que seja o papel de seu canceriano - ou mãe protetora, ou ambos - necessidade de proximidade está sempre lá no fundo, mesmo em meio a um mau humor ou um período de retração emocional.

É possível que o canceriano chegue a um porto seguro por volta dos vinte e cinco anos de idade, embora, dada a complexidade de sua natureza, esta possa não ser sua última parada. Esse homem dá um pai incrivelmente amoroso, contanto que não fique com ciúmes da maternalização que suas crianças receberem. No entanto, infelizmente, se ele firmar compromisso muito cedo, poderá descobrir mais tarde que só precisava de segurança e não que seus sentimentos mais profundos fossem atiçados. Como um bom vinho, a compreensão do canceriano sobre si mesmo se aprofunda e melhora com a maturidade.

Esse homem aprecia um parceiro forte - que "forte" não signifique que você não precisa dele. Seus humores e ansiedades precisam ser compreendidos, embora não seja necessário que você os tolere com um sorriso no rosto e para sempre. Se você se envolver com ele emocionalmente, mesmo que tiver de ser com raiva, ele responderá. Embora retroceda diante de separações, pode ser que ele vague, emocional ou fisicamente, se estiver com vontade. A boa notícia é que ele sempre estará de volta. Isso depende de você, é claro. Mas se ele souber que a magoou, fará tudo o que estiver ao seu alcance para evitar fazê-lo outra vez.

Ainda é difícil para esse homem com humores, introvertido, mutável e imaginativo sentir- se inteiramente seguro de si. Ele sempre veste uma camuflagem. Os dois melhores disfarces do canceriano são o pensador duro e racional e o extrovertido alegre. Não se engane com nenhum dos dois - só humores. Viver tão perto das forças e correntes do mundo interno imaginário e emocional é um grande desafio para um homem de Câncer. Aí está a maior fonte de sua criatividade, mas pode levar algum tempo e algumas experiências dolorosas até que seus dons venham à tona.

O homem de Câncer nunca é um parceiro fácil. Ele é complexo demais. Pode ser evasivo e indireto e quanto mais profundo o problema, menos ele irá querer ouvir falar dele. Pode ser que ele fique emburrado e chato em um momento, e efusivamente sentimental em outro. Mesmo quando está vestindo aquela máscara hiper-racional e finge estar sendo lógico, ele é elusivo e misterioso. Você nunca realmente chegará ao fundo de sua alma secreta. Mais importante que tudo, esse homem tem profundidade e amplitude de sentimentos incríveis e uma vivacidade extraordinariamente profunda e rica.

sexta-feira, maio 12, 2006

O delírio das massas...

Freud, em “O mau estar da civilização”, disse que a religião era o delírio das massas...isto em meados do século XX, quando ainda existiam valores e moral e alguma crença de que o objectivo de vida era um pouco mais do que apenas viver...apostava-se num ser divino que supostamente nos colocava sob certos e determinados padrões de vida, baseados em regras muitas delas anti psique, mas que nos permitiam viver de uma forma mais ou menos saudável em sociedade e mesmo connosco próprios...mantendo alguma estabilidade que nos permitiam passar ao lado das chamadas doenças do novo século, as depressões, os stresses e as crises de meia idade, principalmente as fora de tempo...No fundo, a visão até que podia estar errada mas permitia-nos chegar ao destino de uma forma pouco sinuosa...pouco atribulada...

Mais de meio século depois, no início do século XXI a situação é ligeiramente diferente...para não dizer completamente...continuamos a viver sob um delírio universal, mas já não divino...surge um novo renascimento, qual Da Vinci ou Michelangelo, substituímos Deus pelo homem e apostamos em nós próprios...colocamo-nos no centro do universo, e vai daí passamos a viver sem qualquer moral, sem qualquer esforço porque estamos convencidos de que temos todos o mesmo direito em ser felizes...custe o que custar, pise-se quem pisar, avance-se por onde se avançar...vivemos com base no fútil, na imagem, no efémero...principalmente neste último...

A sociedade actual, principalmente a faixa etária dos 20 aos 40 anos da parte ocidental do globo, vive acreditando apenas em si próprio...troca-se o amor ao próximo pelo amor próprio, investe-se em ginásios e Kick Boxing, Anti-depressivos ou drogas leves, passeios à beira-mar em noites quentes de Verão e muito, muito chocolate, Internet´s , Rave Party’s, consumo e mais consumo, uma auto estima do tamanho do mundo e numa série de outras coisas que nos colocam a viver...saudavelmente? (tenho as minhas dúvidas)...mas sozinhos...Invertemos a nossa posição a toda a hora, porque nos deixamos levar pelo momento...apaixonamo-nos a cada esquina, a cada hora, a cada instante porque continuamos a viver com instintos carnais, com necessidades básicas e sem grande controlo sobre o nosso id, mas achamos por bem andar a brincar um pouco com a vida, substituindo tudo e todos por um desejo incompreensível de mudança rápida em tudo aquilo onde estamos inseridos...qual Midas, qual quê, transformamos tudo onde tocamos em ouro mas queremos sempre mais...queremos diamantes...mas lá está...a ganância quase sempre não nos leva a um fim risonho...não subsistimos a nada, porque o próximo é que não quer ver o que nós já vimos vai para anos, e passamos completamente ao lado do facto de cada um ser igual a si próprio...não temos o mínimo de consideração pelo próximo, utilizando-o apenas quando este ainda é um brinquedo novo...trocando-o rapidamente mal surge modelo novo...um pouco a jogar ao toca e foge, um pouco a jogar ao gato e ao rato...excluimos o romantismo por supostamente fazer mal, criámos o absolutismo/narcisismo que, perceba-se a ironia, nos faz um bem terrível...transformando-nos em deuses intocáveis...

Banimos definitivamente a palavra adaptação do nosso dicionário, recusamo-nos a ceder, a pedir desculpa, a engolir um orgulho besta que se apodera de nós porque estamos plenamente convictos de que somos os maiores. Não deu agora, dá depois, não deu com este dá com aquele, não deu assim, dá assado...

Dever-se-á ao tempo? Pode ser. Para mim faz parte do processo natural da coisa. O Renascimento está de volta, mas desta vez não se apostou na arte nem na poesia. Apostou-se em qualquer coisa que nos levará a um destino do qual eu sinceramente tenho medo...muito medo mesmo...

quinta-feira, maio 11, 2006

De um louco...a quem não deixam rimar...

Que raio de mundo é este em que quem luta por aquilo que ama é apelidado de louco...?!?!?!...Preferia quando nos chamavam de poetas...

quarta-feira, maio 10, 2006

She

She
May be the face I can't forget
The trace of pleasure or regret
May be my treasure or the price I have to pay
She
May be the song that summer sings
May be the chill that autumn brings
May be a hundred different things
Within the measure of a day

She
May be the beauty or the beast
May be the famine or the feast
May turn each day into a heaven or a hell
She may be the mirror of my dreams
The smile reflected in a stream
She may not be what she may seem
Inside her shell

She
Who always seems so happy in a crowd
Whose eyes can be so private and so proud
No one's allowed to see them when they cry
She
May be the love that cannot hope to last
May come to me from shadows of the past
That I'll remember till the day I die

She
May be the reason I survive
The why and wherefore I'm alive
The one I'll care for through the rough in ready years
Me
I'll take her laughter and her tears
And make them all my souvenirs
For where she goes I've got to be
The meaning of my life is

She
She, oh she

(By Elvis Costello)

domingo, abril 30, 2006

Teoria II - Até ao fundo do poço...

Como se de um poço se tratasse...deixando-nos apenas cair. A vida é madrasta, prega-nos destas partidas vezes sem conta, mas nós acabamos sempre por cair no mesmo erro...O mundo desaba à nossa volta, sentimo-nos a caminho do fundo mas vamo-nos sempre tentando segurar, equilibrar, não sucumbir...reflectir, parar para pensar...são conselhos nobres nessa altura, mas sempre, sempre ignorados...Então perdemo-nos, a meio do poço...algures agarrados nas suas paredes, tentando apenas recuperar o fôlego...vivendo na ilusão, de que segurados a meio do mesmo nos poderemos aguentar como se estivéssemos assentes em terra firme...e para quê, pergunto eu, se o que nos fez cair nos deixou sem forças?!?!...para quê, se o que nos fez cair nos colocou de rastos?!?!...Para quê, se não é ali a nossa realidade?!?!...Agarrarmo-nos a algo palpável, que nos pareça suficientemente sóbrio em dada altura, mas no minuto seguinte estamos de novo a caminho do inevitável...a ceder...e então descemos mais um pouco, mas continuamos sem perceber...e apenas atrasamos o necessário...chegarmos ao fundo...porque só aí podemos descansar...e só aí, podemos efectivamente recuperar o tal fôlego...que nos fará verificar que o objectivo é voltar lá cima...é simplesmente subir...

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Umas coisas...que um dia eu disse...

"A Vida é só uma...Não deixes para uma próxima o que tens vontade de fazer já nesta..."

"Só te conseguirei esquecer no dia em que amar outro alguém...mas tal só será possível no dia em que te conseguir esquecer..."

"Mesmo que a noite não me proporcione tal prazer...podes ter a certeza que irei adormecer e acordar a sonhar contigo..."

"Aconteça o que acontecer...amanhã será sempre um novo dia...e sol e lua voltarão novamente a subir...e a brilhar..."

"Se alguém te perguntar porque sorris...não lhe digas que foi porque me encontraste...mas sim porque te encontraste a ti..."

"Vive menos a pensar...Pensa mais em Viver..."

"A mente humana é complicada...Sentimo-nos melhor iludidos com a Mentira...do que cientes da Verdade..."

"A Paixão faz-nos fazer coisas ridiculas...o Amor impossíveis..."

"Ignorante não é aquele que erra...mas quem nada aprende com os seus erros..."

" Por vezes ser-se monótono é a melhor forma de fugirmos à monotonia de andarmos sempre a mudar..."

"Desconheço se existe Vida para além da Morte...mas contigo descobri que existe Vida...para além da Vida..."

domingo, fevereiro 12, 2006

Pensei em ti...

...Pensei em pintar um quadro teu...não consegui...pois não existem cores suficientes na minha paleta que me permitam pintar o teu brilho...
...Pensei em escrever-te um poema...não consegui...jamais existirão palavras que rimem com tanta intensidade como aquela que junto a ti consigo sentir...
...Pensei em compor-te uma canção, não consegui...o som da música que saía nada era comparada à melodia que nos meus ouvidos entoa quando falas comigo...
...Pensei em esculpir-te na pedra, Pensei em moldar-te no barro, Pensei em desenhar-te em carvão...não consegui, não consegui, não consegui...
...Então...simplesmente...Pensei em ti...

terça-feira, janeiro 24, 2006

Muito Demais...

Desconheço pormenores. Não os sei. E provavelmente começo a desconfiar que não sejam relevantes. Porque não? Porque não. Porque a Vida é simples, sem segredos, ou melhor, com segredos mas não tão vastos ou tão misteriosos conforme tão empenhados nos andam a impingir. Simples. A Vida. E bonita por ser como é...

Aquela mulher suicidou-se. Sem motivo. Ou com. Não sei bem se os tinha, mas aparentemente nada me faz acreditar que sim. Tinha uma Vida, só. Tinha uma filha, bonita, empenhada, saudável, astuta, bem vivida e mais umas coisitas pouco relevantes para o contexto. Um marido normal. Apenas e só normal. Idem, idem, aspas, aspas. Tinha um lar, um belo apartamento, um emprego menos mau, pagava a segurança social, descontava para o IRS, ia à praça aos sábados de manhã e à mercearia da esquina logo após ou ao Hiper da parte da tarde. Ia ao cinema aos domingos à tarde, ao teatro de quando em vez. Aquela mulher fazia ponto cruz, falava horas ao telefone, ia de férias em Agosto, punha os fatos do esposo na lavandaria, engomava a roupa ao final do dia, limpava o pó, via o telejornal, uma ou outra novela, juntava os familiares no Natal, bebia champagne no ano novo, oferecia ovos da páscoa aos sobrinhos na páscoa, os mesmos sobrinhos que adorava mascarar no Carnaval. Aquela mulher falava muito e corria muito, ou pouco noutras circunstâncias, sorria qb, ria menos, cozinhava bem, comia pouco, fumava muito mas acima de tudo, pensava muito. Mmmmuuuiiiito. Muito mesmo. Pensava demais. Muito demais...

Estava doente, aquela mulher. Estava. Mas porquê? Conseguem-me explicar porquê? Eu não consigo. Ou melhor, talvez consiga, mas dúvido que me consiga fazer entender. Estava doente. Ponto final. Estava sem brilho, porque nada brilhava à sua volta. Já não o tinha, ou se calhar nunca o tinha tido. Faltava-lhe um algo algum, qualquer coisa que alguém a tinha feito acreditar precisar, mas que eu dúvido que realmente precisasse. E tanta coisa quis entender que acabou por não entender coisa nenhuma. Faltava-lhe bom senso ou um senso bom. E acima de tudo faltava-lhe apreciar a bela Vida que tinha. Curioso. Dá Deus nozes a quem não tem dentes. Sem querer aquela mulher construiu um império, mas jamais o sentiu. Jamais o reconheceu. Jamais o teve. E por fim, quando deixou de ver luz, quando desistiu de a tentar ver, quando percebeu que jamais teria asas...abriu a janela e apenas...não voou...

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Better to reign in hell than to serve in heaven...

(...)MILTON: ... Guilt is like a bag of fucking bricks. All you gotta is set it down... Who are you carrying all those bricks for anyway? God? Is that it? God? Well I tell you. Let me give you a little inside information about God. God likes to watch. He's a prankster. Think about it. He gives man instincts. He gives you this extraordinary gift and then what does he do? I swear, for his own amusement, his own private cosmic gag reel he sets the rules in opposition. It's the goof of all time. Look but don't touch. Touch but don't taste. Taste but don't swallow. And while you're jumping on one foot to the next, what is he doing? He's laughing his sick fucking ass off. He's a tightass. He's a sadist. He's an absentee-landlord! Worship that? Never!

LOMAX: Better to reign in hell than to serve in heaven. Is that it?

MILTON: Why not? I'm here on the ground with my nose in it since the whole thing began. I've nurtured every sensation man has been inspired to have. I cared about what he wanted, and I never judged him. Why? Because I never rejected him inspite of all his imperfections...I'm a humanist. Maybe the last humanist. Who, in their right mind, Kevin, could possibly deny the 20th century was entirely mine? All of it, Kevin. All of it. Mine. I'm peaking, Kevin. It's my time now.(...)

in "The Devil's Advocate"