quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Palavras gastas...Sentimentos sentidos...

...Todas as palavras de amor já foram numa qualquer ocasião ditas...sabe-se lá por quem...onde...quando...ou porquê...mas duvido que uma que seja não tenha sido, mesmo que por uma única vez, proferida...

Eu neste momento não quero entupir-te com as mesmas, até porque de tanto gastas...metade tornaram-se imperceptíveis...e as restantes perderam força para descrever tal sentimento...
Eu neste momento...aqui sozinho, pensando em ti...quero apenas sentir plenamente aquilo que eu sinto por ti...

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Um grito mudo...

Longe de ouvidos e olhares indiscretos, inclusive dos teus...
Longe de vozes contrárias e vontades opostas...de opiniões alheias ao meu desejo, interminável mesmo se dentro do infinito...que cresce exponencialmente a cada minuto que passa e tal como uma bomba, apresta-se a explodir...
Aqui...aqui eu posso...aqui eu posso gritar...
Que este canto é só meu...meu e do dito desejo que me recuso a retrair...
Desse mesmo desejo que não te deseja...por mais paradoxal que possa parecer...porque o desejo por si só não é só senão parte daquilo que sinto...daquilo que anseio...
Aqui eu posso gritar o que me vai na alma...em curtas mas certeiras palavras que ainda vão existindo para transcrever o que eu sinto...
Ou que então não existem...mas que poderei inventá-las...com a ajuda da voz...
Deixa-me gritar...mesmo que não me oiças...

domingo, outubro 01, 2006

Palavras fluíndo...

Vais para um sul fugindo ao meu norte...
No curto caminho dum profundo desnorte...
Onde voo sem asas alado caindo...
Como quando chegaste sem nunca ter vindo...

Num dia de sol e sem brilho na lua...
Vieste vestida, para mim bela e nua...
Uma brisa trazida ao sabor do vento...
A paz que trouxeste, nada mais que um tormento...

Um rasgo de ódio sedento de paixão...
Na luz ofuscada desta escuridão...
Mostrei-te no dia perdido na noite...
Com palavras esquecidas, sem elas amei-te...

És como um tesouro na minha miséria...
Não, não és nada, pura matéria...
Um jogo de azar ou um tiro de sorte...
Trouxeste-me a vida...nunca minha morte...

domingo, setembro 10, 2006

Uma estranhamente calma ânsia...

Sensação de leveza meio disfuncional esta...esta estranhamente calma ânsia de te ter comigo a cada momento...um autêntico paradoxo, tal e qual a vida o é... O tempo passa como um vinil incorrectamente colocado, com as rotações invertidas...lentamente, quase parado, engolido por areias movediças...ou então, voando, correndo, mais rápido que a própria luz...não é constante este tempo que por mim passa...e no entanto não o sinto sequer passar...esteja ele como tiver, sereno, ligeiro, passa apenas...
Não, não o sinto...e não o sinto porque tu estás lá...ou melhor, estás cá...estás presente a cada instante, instalada no meu pensamento...cuidadosamente nele inserida, como se de uma lapa te tratasses, completamente agarrada a uma rocha junto ao salgado do mar...mas estás lá apenas e só...sem qualquer pressão...sem reivindicares qualquer ponto excedente, sem qualquer imposição...qualquer necessidade que vá para além de tudo o que por tão natural o ser não ocupa espaço...nem tempo...Custa-me a tua ausência mas é um custar relaxante...porque provém duma paz, duma paz interior difícil de explicar...como se já soubesse que ias aparecer, como se soubesse que já estavas aí...e que por aí vais ficar...aguardando apenas o momento certo, a hora exacta para me contemplares com o teu “eu”...e fazendo explodir em meu redor uma paleta imensa de cores, todas elas misturadas, como um arco-íris num dia de aguaceiros primaveril... E por mais que me esforce, outros ímpetos pairam sobre mim convictamente...escoando sem filtros desde o meu inconsciente, por instinto, por impulso...e tornando-se claros, tão limpidamente claros...o desejo de tocar teus lábios, a vontade de te tomar nos braços...de te sentir profundamente...e contudo mantendo sempre esta estranhamente calma ânsia de te ter por perto...e é essa que me fará aguardar por cada momento, por cada passo, por cada pedaço com a mesma garra e convicção que em mim crescem dia após dia até se entranharem por completo com o aroma do teu perfume...

sexta-feira, setembro 08, 2006

Pena é não te ter encontrado...

Não...hoje não me perdi a olhar o mar...a sua fusão com o céu no horizonte...o bater das ondas, o seu azul infinito...Não me perdi a observá-lo, apesar de apreciar o teu extremo bom gosto...a forma tão graciosa como o fizeste, como tu te perdeste a contemplá-lo...mas eu não, eu hoje preferi perder-me a olhar para ti...Obrigado pela companhia, mesmo que a tenhas feito estando ausente...pena é não te ter encontrado...

segunda-feira, setembro 04, 2006

Moral da historia...

"João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que nao amava ninguém...João foi pra os Estados Unidos...Teresa para o convento...Raimundo morreu de desastre...Maria ficou para tia...Joaquim suicidou-se e Lili casou com Pinto Fernandes, que nao tinha entrado na historia..."

(Carlos Drummond de Andrade)

Moral da historia...

quarta-feira, junho 28, 2006

...por não ter nada para sentir...

Não tenho escrito nada...por nada ter para escrever...
Não tenho vivido nada...por nada ter para viver...
Não tenho sentido nada...por nada ter para sentir...

Vou existindo apenas...fluindo por aí...ao sabor do vento, deixando-me levar...dentro de um nada que é tudo e de um tudo que é nada... caminhando estanque num tempo que avança parado... e deixando para trás marcas de sofrimento não sofrido...

É assim que me sinto...por não ter nada para sentir...